Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 1054-1 | ||||
Resumo:A tuberculose é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, classificada, em 2021, como a segunda maior causa de morte infecção no planeta segundo a Organização Mundial da Saúde. Um dos componentes responsáveis pela infecção da micobactéria em humanos é a proteína Tirosina fosfatase B (MptpB), um fator de virulência secretado por M. tuberculosis que prejudica a ação das células de defesa do hospedeiro. Uma alternativa para a descoberta de candidatos a fármacos antituberculose está na prospecção de produtos naturais. Apesar de muitas espécies marinhas serem desconhecidas na medicina, Ulva sp. têm apresentado eficácia na inibição de vírus e bactérias. Assim, esse estudo pretende avaliar a ação de lipídeos presentes em algas marinhas do gênero Ulva sp. em sítio de ligação da MptpB de M. tuberculosis in sílico. Inicialmente foi realizada uma busca na literatura para seleção de lipídios presentes em Ulva sp. Para seleção da proteína, desenho das moléculas selecionadas e cálculo de docking molecular foram utilizadas as plataformas Protein Data Bank (PDB), Chemdraw® e ArgusLab®, respectivamente. Foi selecionado a proteína MptpB (1YWF), e seus sítios ativos (aminoácido Histidina, posição 159; Cisteína, 160; Fenilalanina, 161; Alanina, 162; Glicina, 163; Lisina, 164; Aspartato, 165 e Arginina, 166) para os experimentos de docking. Nos resultados da busca na literatura foram encontrados 14 artigos que apresentaram os ácidos graxos e os encontrados em mais de um estudo foram: Isodeciloctilftalato, 5,8-dietildodecano, Etil 14-oxotetradecanoato, Metil - Ácido palmítico e Ácido Esteárico. O composto inibidor específico de MptpB [(oxalilamino-metileno)-tiofeno sulfonamida] (OMTS) foi selecionado para fim de comparação dos resultados de docking. O comportamento de interação entre os aminoácidos avaliados e Isodeciloctilftalato foram semelhantes ao encontrado na interação com o inibidor OMTS, que por sua vez exerce forte inibição no sítio devido ao grupo isoxazol. Os valores de energia de ligação dos compostos oriundos de Ulva sp no aminoácido 165 (onde o composto inibidor tem maior interação molecular) variaram entre -15,14 e -18,57 kcal/mol, sendo observada uma maior interação de todos os ácidos graxos avaliados em relação a sulfonamida (-14,65 kcal/mol). Além disso, o ácido Isodeciloctilftalato também apresentou a menor energia de ligação ao sítio no aminoácido aspartato, posição 165 (-18,57 kcal/mol), O Isodeciloctilftalato possui ácidos carboxílicos presentes no núcleo ácido ftálico, comum em produtos naturais de diversas espécies cujas atividade antimicrobiana frente a bactérias gram-positivas, negativas e a micobactérias tem sido reportadas. Estudos tem sugerido que ácidos orgânicos possuem atividade antimicrobiana frente a M. tuberculosis devido a alterações no pH da membrana plasmática. Apesar de não haver estudos in sílico com Isodeciloctilftalato em sítios da MptpB, este parece ser um candidato promissor frente a proteínas tirosinases, especialmente aquelas relacionadas a M. tuberculosis. Com isso, Isodeciloctilftalato presente em Ulva sp. apresenta resultados promissores na inibição no fator de virulência do bacilo causador da tuberculose, o que o torna um candidato elegível na descoberta de novos fármacos com um mecanismo de ação ainda pouco explorado nesse cenário. Palavras-chave: Antimicobacterianos, macroalgas, Docking molecular, Virulência Agência de fomento:Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior |